Teatro, música, artes visuais. Por que as expressões artísticas são indispensáveis à formação integral? Os professores da Integra respondem.
A musicalização precoce muda o domínio da linguagem verbal, consciência fonológica e relações da escrita com a fala, explica a professora Mila Aguiar
Fernanda D’Alessandro- Visual Arts
Num contexto de sala de aula, pode levar um longo tempo para que um professor se considere conhecedor de seus alunos, levando em conta o curto tempo de convívio semanal, bem como a quantidade de estudantes presentes numa única turma. Nesse quesito, o Arte/Educador pode ser considerado afortunado, pois leciona uma disciplina que naturalmente promove o diálogo.
É um profissional que pode trazer muitas informações sobre o corpo estudantil para outros professores, sobretudo durante as reuniões que englobam a equipe docente completa. Como consequência, o ensino de arte pode contribuir para o desenvolvimento de ferramentas, para que a escola exerça seu papel de agente de socialização e mediação entre a família e a sociedade com plenitude.
É importante lembrar que as Artes não respondem a exigências unicamente estéticas, permeando também pelos caminhos da cultura e da linguagem, através dos símbolos e seus significados dentro da poética pessoal de cada aprendiz. Considero que a intenção do professor também é dar suporte para que o aluno se reconheça e seja capaz de expressar sua identidade (suas ideias, seus sentimentos, suas visões) por meio artístico.
A preocupação em se formar professores de arte que trabalhassem a ideia da auto expressão existe no Brasil desde o início dos anos 1980. Segundo Ana Mae, preparar a criança para a leitura de imagens produzidas por artistas é um preparo para que ela possa ler as imagens que a cercam no mundo. Ler o mundo em que se vive é o primeiro passo para a leitura de sua própria identidade, de sua própria formação.
E, finalmente, conhecendo-se bem, é possível expressar-se de múltiplas formas; sejam elas fotos, pinturas, desenhos, canções e/ou performances. O caminho inverso também é possível: o aluno pode fazer sua produção e aprender a refletir sobre os porquês dos elementos estéticos que escolheu a partir de provocações do educador.
Com isso, inicia-se um processo interno de investigação, em que o educando busca as origens dessas escolhas e abre espaço para que o Arte/Educador amplie seu repertório, ao trazer referências de outros artistas que dialogam com tais elementos estéticos. A arte, enfim, possibilita que o ser se manifeste não apenas linearmente, mas integralmente.
Gabriela Guarabyra- Drama
Com as artes cênicas nas escolas, pensamos muito sobre o amadurecimento da fala e das relações sociais. É comum que muitos pais pensem que o teatro na esfera educacional serve apenas para ajudar a melhorar a timidez da criança, e na verdade as artes cênicas desenvolvem muito mais. A relação de criatividade e teatro é um processo constante, ligado à ideia de resolução de problemas e estímulos que garantem a autonomia da criança em construções coletivas e individuais a partir de dinâmicas. Assim como na pedagogia, a brincadeira é um instrumento essencial, podemos trabalhar a atenção, o foco e a sociabilidade da criança em todas as idades, partindo de diferentes estímulos.
O professor de teatro age como um instrutor, é aquele que dá a mão aos estudantes e os ajuda a compreender seus limites. O objetivo não é transformar as pessoas em algo que não são, e sim ajudá-las a encontrar a potência dentro de si. Sendo assim, não estamos preocupados em acabar com a timidez, ser tímido não é um problema. O que queremos é que mesmo o estudante tímido possa se sentir confiante e confortável em situações sociais, desenvolver sua linguagem corporal, fala e outras tantas habilidades proporcionadas pelas aulas de teatro.
O grande teatrólogo Brasileiro Augusto Boal acredita que o teatro é uma potente ferramenta de transformação social, age contra a inibição do pensamento crítico e individual e fortalece a autonomia do indivíduo que o pratica. A inserção do teatro na escola é uma prática inovadora. A arte de compreender nossos limites físicos e emocionais é um grande despertar para nossa autogestão. Além disso, o fortalecimento de laços com o outro no ambiente teatral expande a consciência social e de grupo do estudante. O conceito de empatia é amplamente discutido nesse contexto.
Mila Aguiar- Music
A música e o pensamento escolar estão intimamente ligados desde os tempos em que as primeiras organizações humanas se formaram em sociedade. Ambos carregam diversos aspectos de divulgação de valores éticos e morais de um ou de vários grupos; tanto a música quanto a escola possuem lugar na sociedade como alvo de discussões sobre uma dita “decadência cultural” tão sentida por gerações à frente do desenvolvimento de tecnologias e de estéticas.
As artes já possuem caráter transversal no desenvolvimento, ou seja, apoiam o desenvolvimento de várias áreas e habilidades das crianças, e a música promove caráter lúdico nas experiências de aprendizagem.
Segundo pesquisadores, não há área específica no cérebro para funções musicais, visto que a música movimenta várias áreas cerebrais, inclusive as envolvidas com outros tipos de cognição. Autores acreditam que a função musical envolve praticamente todas as funções cognitivas.
A musicalização precoce muda o domínio da linguagem verbal, consciência fonológica e relações da escrita com a fala (fonema e grafema), visto que exercita antes de tudo a habilidade de escuta, assim como habilidades lógico-matemáticas e coordenação motora.
A música na escola, assim como o letramento artístico geral, busca não só o desenvolvimento técnico – que não é ignorado nas experiências lúdicas – mas também na vivência cultural, aspectos socioemocionais e psicomotores.
Para músicos e crianças com acesso à educação musical, existe além da criação de ambiente coletivo e desenvolvimento das competências de empatia a observação do mundo com diferentes ferramentas. Uma escola com práticas musicais capilarizadas desenvolve seres humanos integralmente.
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Escola Integra – www.escolaintegra.com
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1 comentário em “A importância da arte na Educação Integral”
Sensacional!